Um morador de rua decidiu estudar e foi aprovado em primeiro lugar em um concurso público. Foi debaixo de uma boa sombra, sentado na calçada ou em um banco de praça que o Valter fez dos livros a principal companhia. Baiano de Ilhéus, hoje com 42 anos, ele ainda guarda o conselho de uma antiga professora.
“A minha professora Gilnete, de Sociologia, quando eu estava terminando o ensino médio, ela disse que a gente sempre que tem que estar fazendo revisão, lendo alguma coisa, sempre exercitando para não ficar com a mente despreparada”, diz o morador de rua Valter Fonseca dos Santos.
Valter vive nas ruas de Patos de Minas, interior de Minas Gerais, há mais de 15 anos. “Eu não queria ficar na rua igual aos outros”, diz.
Quando decidiu sair das ruas e atravessar os portões do Centro de Referência Especializado de Assistência Social, a vida do Valter começou a mudar. As funcionárias fizeram o currículo dele e encaminharam para várias empresas, mas, sem endereço fixo, ele não foi chamado. Veio então a notícia do concurso público e uma nova oportunidade. Mas para passar pela porta e receber orientação psicológica para preencher o gabarito e até ajuda nos estudos foi imposta uma condição: se dedicar aos estudos, e como consequência, passar em primeiro lugar.
“Claro que era uma brincadeira, né? Mas era para ver se ele tinha mais coragem, mais disposição para estudar. Porque o ambiente de estudo dele era a rua”, afirma Maria Augusta de Lacerda, diretora de proteção social do Creas.
Foram quatro horas de estudos por dia durante quatro meses. E ele conseguiu. Valter Fonseca dos Santos foi aprovado em primeiro lugar entre os 21 candidatos à vaga de coveiro.
“Claro que era uma brincadeira, né? Mas era para ver se ele tinha mais coragem, mais disposição para estudar. Porque o ambiente de estudo dele era a rua”, afirma Maria Augusta de Lacerda, diretora de proteção social do Creas.
Foram quatro horas de estudos por dia durante quatro meses. E ele conseguiu. Valter Fonseca dos Santos foi aprovado em primeiro lugar entre os 21 candidatos à vaga de coveiro.
A nomeação deve acontecer em janeiro do ano que vem. E o Valter vai receber salário de mais de R$ 800 além de outros benefícios, como vale alimentação e plano de saúde. Agora a expectativa é grande. “Vestir meu uniforme e começar a trabalhar, eu estou com um sorriso na orelha, pode acreditar”, relata Valter.
fonte: G1